Desafios éticos na pesquisa com usuários: qual a conduta do design?
Usuários não sabem o que fazemos com seus dados. Eles sequer sabem quais dados usamos. Usamos programas invasivos sob a justificativa “tudo para melhorar a vida do usuário”. Os vigiamos com frequência e conseguimos informações sobre quais páginas acessam, com quem se relacionam, seus trajetos na cidade, internet, suas compras, preferências, afiliações políticas. Mas estamos pensando na nossa responsabilidade para além do produto que estamos desenhando? Temos parado para discutir os desafios éticos do que fazemos? Qual o limite?
Em áreas mais clássicas e consolidadas, como medicina e psicologia, o consentimento formal é sempre deixado claro em códigos de ética em qualquer teste. Esse tipo de contrato entre profissionais não existe oficialmente dentro do design. Na internet, a ética basicamente opera através de um consentimento imposto ao usuário. Avisos explicitam que, para que o acesso seja concedido, termos de privacidade e permissões devem ser autorizadas. Se o usuário não quiser que as empresas coletem seus dados, a única opção é não usar o produto.
Com o crescimento e reconhecimento da profissão, é importante que comecemos a pensar na discussão sobre ética como parte da abordagem metodológica de design de experiência do usuário, à medida que a tecnologia e os perigos em relação aos dados se tornam maiores.
Sobre a palestrante
Designer na Handmade, graduada em Design com intercâmbio na Holanda. Atualmente faço uma especialização em Sociologia, onde estudo a influência e impactos da tecnologia na vida cotidiana. Trabalhei em projetos para empresas como TIM, Itaú, Volkswagen, Canal OFF e sou voluntária na organização de eventos de programação e tecnologia para mulheres.